
A Abrasel classificou como injustas e incoerentes as mudanças anunciadas pelo governo federal que impõem limites à antecipação do saque-aniversário do FGTS. Em entrevista ao UOL Economia, o presidente executivo da entidade, Paulo Solmucci, afirmou que a medida restringe o direito do trabalhador de utilizar um dinheiro que é seu e reduz o poder de consumo, com reflexos diretos no comércio e nos serviços — setores que respondem por 70% do PIB.
Para Solmucci, a decisão “tira dinheiro de quem mais precisa e de uma parcela essencial da economia”. Ele aponta ainda que o governo erra ao afirmar que a mudança protege o trabalhador, já que o consignado privado — que continua sendo estimulado — cobra juros médios de 3,9% ao mês, mais que o dobro do teto do saque-aniversário, de 1,79%. “Que proteção é essa, se o trabalhador é impedido de quitar dívidas mais caras com o próprio dinheiro?”, questionou.
O presidente da Abrasel também destacou a contradição da medida ao favorecer a construção civil em detrimento da baixa renda. Segundo ele, o objetivo da mudança é direcionar recursos para financiamentos imobiliários, beneficiando quem tem renda mais alta. “Tira-se o acesso ao dinheiro do trabalhador para financiar casa de rico”, afirmou.
Sem diálogo com o governo até o momento, Solmucci defendeu que o tema volte a ser debatido no Parlamento e disse manter esperança de que o presidente Lula possa reavaliar a decisão.